quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

O som do grito


Escutei a história de um desconhecido - essa não foi à primeira vez, mas só hoje descobri que a única solução é escutá-lo. Não importa o que eu sinto, o que eu penso e muito menos o que desejo. Só não concordo com a obrigatoriedade dos fatos; ou seria com a gravidade da situação?
- Eis minha conversa com o ser humano:

O taxista não sofria de mal algum, seu táxi não fedia e sua aparência estava biologicamente perfeita. Todo seu discurso expressava a dor de alguém próximo, era sua esposa que sofria de uma enfermidade grave – O câncer obrigara os médicos a retirarem seu intestino, porém de nada adiantou. Já se manifestara por todo seu corpo. Na ocasião o motorista exclamava sobre o taxímetro que não marcava, reclamava da alta nos preços dos remédios e das constantes doses para aliviar a dor da senhora.

Dentro desse assunto ele soltava argumentos menos penosos, relatando a existência de três filhas, onde uma delas havia sido adotada. Ele se resguardava para aquelas crianças – isso era claro, observei toda sua emoção ao dizer "meu coração Nana". Encontrei também alguns assuntos mais amenos, como: os bichos colados no painel do carro eram os brinquedos da própria Nana. Com grande orgulho, ele me falou de quando e como colara aquilo – Nana adorava bichos, seu antigo sonho de conhecer o zoológico, e também, dos cachorros no quintal que se transformavam em verdadeiros cavalos galopados pela pequena criança.

Saí do carro em frente à faculdade, agradeci ao colega de trabalho pela companhia e cheguei há tempo para escrever esse relato...sonhando com um futuro repleto de esperanças!

Um comentário:

Nara Boechat disse...

esse assunto é problemático... nos toca de uma tal maneira q não conseguimos reagir, pelo menos eu sou assim... é complicado.